Já estão no 6º ano, desejo a todos um excelente um ano lectivo...
A MENINA MATEMÁTICA NA ESCOLA
texto: Beatriz Melo
ilustração: Mário Araújo
Era um dia especial. Era o primeiro dia de escola da menina Matemática.
Quando acordou, saltou da cama e foi escolher a roupa para aquele dia.
− O que vou vestir hoje? Um quadrado ou um rectângulo? Um triângulo ou
um número decimal? − perguntou a menina matemática, muito confusa.
− E que tal um dois? Esse é o meu número da sorte! − sugeriu a calculadora.
− Não, um sete! − reclamou o transferidor.
− Por que não um 2,7? − retorquiu o compasso.
De repente, ouviu-se um barulho vindo do pulso da menina Matemática.
− São quase oito horas e trinta minutos. Despacha-te… − avisaram o oito e o
seis do relógio, num coro desafinado.
A menina Matemática vestiu uma fracção, uma proporção e calçou dois ângulos
agudos. Colocou um mais e um menos na mochila, comeu uma sandes de
dezassete com vinte e um e meteu-se dentro da pasta de um professor.
Quando chegou, viu muitos meninos e meninas que vieram cumprimentar o
professor. Estava tão fascinada, que até se assustou com a campainha da escola.
− Agora vou para a sala quinze! − disse o professor para uma colega.
O número quinze, que estava gravado na porta, murmurou para a menina
Matemática:
− Boa sorte!
A menina Matemática sorriu, mas logo que entrou na sala de aula encheu-se
de vergonha.
O professor apresentou-se:
− O meu nome é Luís e sou o vosso professor de Matemática. Hoje vou ensinar-
vos como se adicionam e se subtraem fracções.
Quando ouviu isto, a menina Matemática saiu, muito coradinha, da pasta do
professor e deu um pulo para o quadro. Apareceram números, sinais e contas.
A menina Matemática olhou discretamente para os alunos e reparou no seu
olhar aborrecido. Ficou tão tristinha, a menina Matemática!
De repente, ouviu-se novamente a campainha. A aula chegara ao fim.
− Como foi? − perguntou o quinze, muito curioso.
− Muito mal − respondeu a menina Matemática com o oito no canto do olho.
− Por que é que estás a chorar? − perguntou o portátil, novinho em folha,
que estava também dentro da pasta.
− Os alunos não gostam de me aprender! − respondeu a menina Matemática
− Bocejaram e quase adormeceram durante a aula.
− Mas porquê? Tu és tão divertida! − elogiou o livro de matemática.
Antes de ir para casa, a menina Matemática passou pelo Continúmero para
comprar mais uns dezassetes e vinte e uns para o pequeno-almoço.
Quando chegou a casa foi tomar um duche rápido e deitou-se no seu confortável
ângulo obtuso. Antes de dormir ainda telefonou aos seus números primos
para desabafar:
− Foi só o primeiro dia e já estou assim? Não pode ser! Amanhã pensarei
numa solução para resolver este problema. − afirmou, despedindo-se.
No dia seguinte, acordou muito bem-disposta e com a cabeça cheia de
números racionais. Então, decidiu mudar o seu visual: vestiu uma proporção
e uma semi-recta, colocou um sinal de multiplicar na cabeça e calçou os seus
confortáveis ângulos rectos. Depois, encheu a carteira de números, sinais de
mais, de menos, de multiplicar, de dividir, de igual, parênteses, ângulos, formas
geométricas… levava tudo o que precisava.
Quando entrou na sala quinze, ganhou coragem e correu energeticamente para o quadro. Então, saltaram da sua carteira os números, os sinais, os parênteses…
que se organizaram numa animada dança, formando as mais variadas operações,
resolvendo os mais complicados problemas, dando sempre resultados
certíssimos.
A partir desse dia, a menina Matemática deixou de ver aborrecimento nos
olhos dos alunos, que aprenderam a brincar consigo e a gostar da sua companhia.
A prova disso é que a menina Matemática e os alunos dessa turma se juntam
todos os dias, para tomar um cocktail de algarismos e resolver os seus problemas,
na esplanada do bar Tabuada, que fica na página trinta e cinco de um caderno de
exercícios de matemática.
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